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Lápis e bloco de notas

Relato de Professor

Depoimento: 
 

Meu nome é Maria Isalina, conhecida carinhosamente na comunidade local como Tia Isa, sou Pedagoga e no momento estou concluindo minha pós em Artes Visuais, durante seis anos, até um pouco antes da pandemia, era professora de História da Arte em na E.T.J.R. estou como suplente no Conselho Tutelar local. Trabalho no C.E.M. Carolina Curvello Beijamin em Trapiche, Serra de Macaé, tenho matricula na S.E.M.E.D. como de Auxiliar de Serviços Escolares, atuo na área da inclusão e após horário de aula, na área administrativa da escola ou em qualquer setor que minha competência alcança.
 

Em nossa escola, somos uma família onde juntos dedicamos nosso tempo as crianças, temos uma direção e coordenação pedagógica excelente, assim como professores maravilhosos.
Em nossa escola a educação, o afeto e a colaboração andam lado a lado. Em março de 2020 se propagava a noticia do primeiro que em nosso município acontecia o primeiro caso de Covid 19 confirmado. Atualmente, milhares de pessoas foram ceifadas pelo vírus. As primeiras vitimas, diziam ser pessoas idosa com comorbidades, porém, nos dias atuais, mulheres grávidas, fetos, crianças e jovens juntaram-se a uma estatística alarmante. 
O pressuposto inicial seria: o toque, a mão, o falar, a saliva. O Ministério da Saúde alertava como precaução o uso de máscaras cobrindo o nariz e a boca e o álcool 70° gel ou liquido aplicado nas mãos, Também pediam para evitar aglomeração e este foi o pedido mais difícil para um povo falante, acostumado com forró, funk, carnaval, cultos, missas, jogos, velórios e diversas comemorações.
 

No local onde moro e trabalho estas normas demoraram demasiadamente a serem aceitas, na verdade chegaram a falar em fake news, politicagem para roubar os cofres públicos e centenas de outras desculpas que só serviram para aumentar o numero de incidência de casos na comunidade. O então prefeito na época que é médico e sabia o que estava por vir, expediu um oficio para que fossem fechadas todas as escolas da cidade, a princípio por uma semana, depois quinze dias e até que acabasse a pandemia. Os professores começaram então as aulas online, um trabalho exaustivo e que demanda mais tempo que estar em sala, além de se adaptarem a ferramentas que se quer conheciam.

O prefeito já mudou e a pandemia não acabou.
Nosso diretor e a diretora adjunta imprimiam todo o material em suas casas e levavam de casa em casa apostila e exercícios para os alunos que não tem acesso a internet.
Porém a escola precisava voltar os serviços essenciais, como matriculas entrega de materiais. Voltamos então no sistema de rodízio de funcionários para evitar aglomeração, trabalhávamos cumprindo todas as normas de precaução, mas o número de vitimas aumentava cada dia, então o atual prefeito decretou o fechamento total das escolas.

 

No bairro onde moro muitas vezes me senti uma estranha no ninho, por estar usando máscara e luvas devido a psoríase nas mãos, as pessoas me olhavam como se dissessem: “ridícula”.
Coloquei minhas máquinas de costura na varanda frontal de minha casa  e passei a confeccionar máscaras e a oferecer as pessoas que passavam, principalmente idosos, dos quais muitas vezes ouvi:

 

- Obrigada moça! Não uso isso, me dá falta de ar.
 

Infelizmente, um destes veio a óbito por Covid recentemente.
Temos um hospital, com excelente serviço a comunidade local, este se tornou um ponto de teste da Covid, outro dia, enquanto passava pelo ponto de ônibus, escutei um rapaz falar:

 

- Dos trinta testados hoje, quatorze deram positivo.
 

Uma noticia alarmante para um local tão pequeno.
Acredito que faltou aqui realmente foi a cultura da prevenção, aprendendo a duras penas a arte da sobrevivência no caus.
Esta pandemia nos deixou separados, mas ao mesmo tempo nos tornou mais unidos, mais humanos, com outro olhar sobre o mundo, sobre as pessoas, sobre os afetos.
Precisamos de vacina para todos. Só assim voltaremos a nossa escola em segurança.

Espaço de Trabalho

Depoimento:

Sou Ivane Gouvea, professora regente (desde 2010), na Escola Municipal Henrique Sarzedas, localizada em Rocha Leão, distrito de Rio das Ostras. Também integrante e Intermediaria escolar no Projeto Amanhã. Esta escola está inserida em uma comunidade rural (segundo IBGE). Os moradores frequentam Rio das Ostras para fazerem suas compras do mês, pagam contas e resolvem coisas de banco. Aqui também tem pequenos comércios, igrejas, bares, três escolas (ensino fundamental I e II e 1 com ensino médio (Estadual) e o posto de saúde. A comunidade escolar é composta por alunos que residem em Rocha Leão e atende também os alunos do assentamento (utilizam transporte escolar). São alunos que nem todos não possuem acesso à internet e todo processo de ensino aprendizagem está vinculada direto a escola.

 

A pandemia trouxe diversos desafios tanto para nós professores quanto para os alunos. Tivemos que aprender a fazer reuniões online, fazer vídeo aula, confeccionar apostilas, dentre outras atividades. Considerando a necessidade de isolamento social como medida de enfrentamento à pandemia do corona vírus e o consequente fechamento das unidades escolares, determinado pelos decretos municipais, a escola optou por enviar atividades pelo grupo do whatssapp, enquanto confeccionávamos uma apostila. Muitos alunos ficaram sem realizar as atividades envidas pelo whatsapp e mais tarde pela plataforma, pois a grande maioria não possuem internet em casa e muitas vezes possuem apenas um celular para atender vários irmãos.

A escola então resolveu imprimir as apostilas para cada aluno, porém dá pra perceber nitidamente o quanto as desigualdades sociais, o quanto cada indivíduo precisa se moldar, se reinventar para se adequar a esta nova sociedade. A participação da família nunca foi tão necessária na vida do aluno quanto neste momento. Porém, ainda temos pais que não assumiram seu papeis, não pegam e nem entregam as apostilas nas datas programadas pela escola. Temos relatos incríveis de alunos aprendendo com suas famílias, mas também temos descasos de muitas famílias com a aprendizagem de seus filhos.

 

A diversidade cultural de cada família vem provando o quanto a aprendizagem está acontecendo, pra uns de um jeito e pra outros quase nada....Estamos tentando sobreviver a cada dia e nos readaptamos para uma mais nova realidade pós pandemia, quem virá trazendo um novo olhar não só para a educação, mas para uma nova realidade de vida. Estamos em um momento de fragilidade emocional! Que possamos cuidar cada dia mais um do outro!

 

Vai passar...

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